18 Junho 2016 00:00:00 Diário de Santa Maria
Dandara Flores Aranguiz
Especialistas concordam que um exemplo vale mais do que somente palavras
“Nada tem mais impacto na formação de uma criança do que o comportamento dos pais. Muito mais importante do que dizer ao seu filho o que ele deve fazer é mostrar, com atitudes positivas. Especialistas concordam: as palavras são importantes, mas, as atitudes, muito mais. O cérebro das crianças é como uma esponja, pronta para absorver tudo o que acontece ao seu redor. Os pequenos se espelham nos adultos a todo o momento. Os pais podem tentar ensinar valores, mas as crianças provavelmente absorverão aquilo que lhes é transmitido por meio do comportamento, dos sentimentos e das atitudes deles no dia a dia.
Animais com deficiência necessitam de atenção redobrada e de amor incondicional
– A maioria das crianças que chegam ao consultório apresenta algum tipo de demanda que está relacionada especificamente à dificuldades dos pais em dizer não aos filhos, em impor limites. E o comportamento familiar se reflete na escola. A maior parte dessas crianças tem dificuldades dentro da sala de aula, nos primeiros anos escolares – explica Ionara dos Reis Lohmann, psicóloga do Centro de Estudos Sistêmicos: Família e Indivíduo, de Santa Maria.
Segundo Ionara, a não imposição de limites aos filhos gera, em alguns casos, desatenção, ansiedade e agressividade nas crianças. Um alerta, segundo a especialista, de que algo não vai bem. A maneira como os mais velhos expressam e administram os próprios sentimentos torna-se um modelo que será lembrado por seus filhos durante toda a vida.
– Se a criança percebe que os pais mentem, por exemplo, ela aprende também. Mas os adultos apontam isso como um defeito do pequeno, quando, no entanto, ele está apenas reproduzindo o comportamento copiado de um adulto. A criança tende a redimensionar os fatos e dar valor a pequenas coisas, que, para os pais, passam de maneira desapercebida. E, normalmente, é quando o filho apresenta um comportamento assim que os adultos reconhecem o seu próprio erro – salienta a psicóloga.
Desde pequenos, os filhos se espelham nas situações do cotidiano e tentam imitar os pais nas brincadeiras. Mas que recados estamos passando às crianças quando elas brincam de trabalhar, por exemplo?
– Na correria do dia a dia, os adultos não priorizam a qualidade do tempo. Muitas vezes, quando a criança começa a gritar é porque ela está carente de atenção e precisa de carinho. Parar um tempo e dedicar-se a brincar, a sentar-se com o filho – explica.
E caso a criança seja testemunha de uma atitude negativa, ao perceber, é indicado corrigir-se e mostrar o comportamento correto ao pequeno:
– Não há problemas em confessar você também erra – diz Ionara.
Terapia ajuda a identificar erros
Em muitos casos, procurar ajuda especializada pode facilitar no processo de identificação do problema. A terapia familiar ou individual pode auxiliar pais, mães e filhos a identificarem que tipo de comportamento pode estar influenciando negativamente.
– É no dia a dia que pais devem ensinar empatia, respeito, honestidade e coragem. Eles são um espelho para os filhos, que são modelados conforme suas atitudes. O comportamento dos adultos também influencia no aprendizado e na constituição do sujeito. A terapia é recomendada como forma de autoconhecimento – comenta Ionara.<“